sexta-feira, 7 de março de 2008

Empréstimos consignados: Novas mudanças em estudo

Bancos propõem aumento na margem consignável, o que reduziria os juros
Rio - O Ministério da Previdência Social consultará o Ministério da Fazenda para checar a possibilidade de fazer novas mudanças nas regras do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS. O pedido de modificação, para aumentar a margem consignável de 20% para 30% da renda nos empréstimos com desconto em folha, partiu da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
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O objetivo da proposta é permitir que beneficiários que não querem cartão de crédito, que têm juros mais altos, possam usar os 30% de margem com a modalidade de débito no contracheque. Pelas regras atuais, segurados podem comprometer 20% da renda mensal com desconto em folha e 10% com cartão de crédito. A proposta beneficiaria os que precisam tomar empréstimos acima do patamar de 20%, pois poderiam pagar juros menores.
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JUROS AINDA ALTÍSSIMOS
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“Será bom para o aposentado que não quer usar cartão”, argumenta o superintendente de Projetos Especiais da Febraban, Jorge Higashino, que apresentou a proposta ao governo. A meta é voltar às regras anteriores ao lançamento do cartão de crédito, mas com a manutenção do prazo de 60 meses para pagamento. Em uma simulação feita pelo professor José Eroni Fernandes, da Fundação Getulio Vargas (FGV), se um aposentado que ganha por mês R$ 2 mil comprometesse R$ 400 mensais com o empréstimo tradicional e R$ 200 no cartão de crédito, com prazo de 60 meses para quitar, ele iria pagar 107,7% de juros, ou R$ 18.700,05, mais que o valor tomado emprestado, de R$ 17.352,40. Já se pudesse comprometer os mesmos 30% da renda na modalidade tradicional, os juros pagos no mesmo período seriam de 94,12% e o empréstimo tomado poderia ser maior: R$ 18.545,19.
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Apesar da vantagem proposta, Eroni adverte que só se deve pegar empréstimos em situações emergenciais. “É preciso ter em mente que um empréstimo em 60 meses comprometerá 30% do salário durante cinco anos. O aposentado terá que se virar com apenas 70% do rendimento e pagar altas taxas de juros”, alerta.
Nos casos em que o empréstimo é a única alternativa, ele aconselha não usar o cartão de crédito e, se os juros forem maiores de 1,2% ao mês, que se evite prazos acima de 36 meses. Os aposentados que quiserem ter cartões de crédito devem procurar pagar a fatura sem atraso para não terem de pagar juros ainda mais altos.
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Novidades previstas para hoje
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Apesar de o ministro Luiz Marinho ter prometido que as mudanças nos juros começariam a valer desde ontem, bancos ainda estão com taxas antigas. Segundo o INSS, as novas taxas e regras só poderão ser cobradas das instituições financeiras depois da publicação da instrução normativa no Diário Oficial da União. A expectativa é que a regulamentação seja publicada hoje.Outras regras também entrarão em vigor. O limite de compras no cartão de crédito será reduzido de três para duas vezes o valor do benefício. As instituições financeiras serão proibidas de fazer operações com beneficiários de outros estados e o valor terá de ser creditado na conta do próprio beneficiário.
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A reserva de margem para cartão de crédito somente poderá ser feita com autorização do segurado e ficam proibidos empréstimos com carência — em que o aposentado só começa a pagar a dívida meses depois de contraí-la. Nesses casos, os bancos cobravam juros pelo período de carência.
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Fonte: O Dia